Apesar do temor de alta da inflação, Copom decide manter Selic

Para o setor imobiliário, juros estáveis e a taxas menores do que as atuais contribuem para incentivar o interesse na aquisição de imóveis tanto por compradores finais quanto por investidores

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Por Rogério Santos (*)

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros a 13,75%, apesar do temor de aumento da inflação decorrente da provável expansão dos gastos públicos no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O mercado já esperava essa continuidade do patamar da Selic, apesar das oscilações da bolsa e do câmbio. 

Para o setor imobiliário, juros estáveis e a taxas menores do que as atuais contribuem para incentivar o interesse na aquisição de imóveis tanto por compradores finais quanto por investidores. Quando havia expectativa de queda da Selic, o setor respondia com mais otimismo.

As variações da Selic influenciam o custo do crédito habitacional e, quanto mais baixa a taxa básica estiver, o interesse por investimentos em imóveis cresce em relação às apostas em aplicações financeiras. Durante um ano e meio, o Copom elevou a Selic de 2% para 13,75%, até que, em setembro, optou por mantê-la. A decisão foi reiterada em outubro e neste mês. 

Ainda assim, espera-se que este seja o segundo melhor ano do setor imobiliário em relação a lançamentos, vendas e financiamento, atrás apenas de 2021.

Outro fator que influencia o desempenho do mercado imobiliário são os rumos do crescimento econômico. 

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou aumento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. A variação ficou abaixo dos 0,6% esperados, mas possibilitou que o PIB do intervalo chegasse a R$ 2,544 trilhões, maior nível da série histórica iniciada em 1996.

Para este ano, analistas elevaram a projeção de alta do PIB de 2,81% para 3,05%, segundo o último Relatório Focus, do Banco Central (BC). 

A taxa de desemprego do Brasil caiu para 8,3% no trimestre encerrado em outubro – no menor patamar para o período desde 2004 –, de acordo com o IBGE. A melhora dos níveis de emprego e desemprego é um importante estímulo para a venda de imóveis. 

Mas é preciso levar em conta que a melhora do indicador – que era de 8,7% na média móvel encerrada em setembro – não assegura a manutenção desse desempenho no médio prazo. 

Já há quem espere novo aumento da parcela desempregada devido à possibilidade de a autoridade monetária fazer algum aumento da Selic, no próximo ano, antes de dar início aos cortes. Para o fim de 2023, a projeção para a taxa básica de juros é de 11,75% e, para 2024, de 8,5%, mas as estimativas poderão ser revistas conforme estiverem os indicadores de inflação.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tomará posse em 1º de janeiro. 

Com o cenário um pouco mais turvo, o empresariado tende a aguardar os 100 primeiros dias do novo governo para ter-se uma perspectiva mais clara do rumo da economia e dos juros.

Com ciclos longos, o setor imobiliário precisa ter mais clareza em relação a como serão tratados temas como responsabilidade fiscal e inflação para decidir o melhor momento de apresentar seus projetos ao mercado, ainda mais quando se  considera que parte dos clientes de classe média têm postergado a decisão de compra de imóveis neste momento de incertezas.

Consumidores de baixa renda, por sua vez, tendem a continuar a se beneficiar das mudanças anunciadas, no terceiro trimestre, para o programa habitacional e da prioridade que o segmento deverá ter no governo. O desafio, nesse caso, será o enquadramento dos compradores de menor renda no programa, que voltará a se chamar Minha Casa, Minha Vida.

(*) Rogério Santos é um dos fundadores da UBlink

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