Êxodo urbano na pandemia: um evento permanente ou temporário?
Preparamos esse conteúdo completo para discutirmos o que é o êxodo urbano e como ele pode estar afetando o mercado imobiliário atualmente.
Por Redação Em:
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Com a pandemia e o distanciamento social, o mundo passou a funcionar, em muitos dos setores, de forma remota. Para uma parte da população o estudo, o trabalho e encontros começaram a acontecer remotamente desde março de 2020. Isso fez com que um tema voltasse a ser discutido com mais frequência: o êxodo urbano.
Com o home office e o ensino à distância, alguns trabalhadores e estudantes viram uma oportunidade para estar onde quiserem. Trabalhar na cidade dos familiares ou de um hotel fazenda para relaxar, por exemplo, passou a ser uma alternativa que poderia ser encaixada na rotina.
O principal motivo para esse movimento é uma procura por qualidade de vida fora das cidades grandes, sobretudo pela classe média. Por isso, o setor imobiliário foi e está sendo diretamente impactado: afinal, a relação de oferta e demanda de imóveis nos centros urbanos, dos seus arredores e de cidades do interior, foi afetada nesse período.
Com relação à qualidade de vida, em cidades mais interioranas, há uma rotina mais silenciosa, uma possibilidade de uma residência mais espaçosa e um dia a dia mais tranquilo.
Do outro lado, nós vemos nas metrópoles grandes eventos culturais, um mercado de trabalho maior e mais atrativo e uma infraestrutura urbana bem desenvolvida. Dessa forma, os grandes centros urbanos são o destino de muitos profissionais, em contextos presenciais.
Em cidades de países desenvolvidos, como Nova York e São Francisco, tem se observado que pessoas estão saindo do centro das metrópoles, e se dirigido para o entorno destes centros urbanos. Nesses casos, o fator do custo de vida também pode ter relevância.
Pensando nisso, cada vez mais busca-se entender melhor esse fenômeno. Para muitos, o êxodo urbano foi impulsionado pela pandemia. Você provavelmente conhece alguém que se mudou durante esse período ou você pode até mesmo ser essa pessoa.
Para aprofundar a reflexão sobre esse tema tão em evidência, e discutir até mesmo um possível efeito sazonal do mercado imobiliário nos últimos meses, preparamos esse conteúdo completo sobre o êxodo urbano e o que pode estar de fato acontecendo nas grandes cidades. Siga com a gente!
Índice do conteúdo
Qual é a definição do termo êxodo urbano?
Antes de falar mais a fundo a respeito desse tema, é preciso entender o que significa o termo “êxodo urbano”. Isso acontece com a migração da população de grandes centros urbanos para o interior.
O movimento teve uma expansão no final dos anos 90, em larga escala na Europa — Portugal é um exemplo disso. Algumas das principais razões para o êxodo urbano acontecer são as buscas por mais estabilidade financeira em cidades menores, ou mesmo no entorno metropolitano, como também a procura por uma melhor qualidade de vida.
Quais as consequências do êxodo urbano?
Dentre os impactos causados pelo êxodo urbano, a reestruturação da organização das cidades tem grande destaque. Isso porque, como consequência da expansão acelerada dos centros urbanos, há uma busca por moradias cada vez mais distantes dos centros, o que reflete um desejo de conforto individual vindo da população com maior poder de compra.
Ainda assim, essa mesma população pode também preferir ficar próxima dos centros de trabalho, escolhendo pagar um pouco a mais no imóvel, para pegar menos trânsito, por exemplo.
Já pessoas com menor poder aquisitivo, por outro lado, também podem acabar optando por morar em regiões nos entornos dos centros urbanos, buscando preços mais acessíveis que os das regiões centrais.
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Nesta migração, novos aglomerados são formados e desenvolvidos ao redor de comércios e casas residenciais, criando diferentes centros de habitação. Essa transformação é impulsionada pela movimentação migratória da população, que pode ser definitiva ou temporária e com diversas motivações, como trabalho e estudo.
Sendo assim, existem algumas consequências sociais provocadas pelo êxodo urbano, que podem ser positivas, como a promoção de novos trabalhos e desenvolvimento de comércio nessas regiões.
Além disso, é importante frisar a necessidade da criação e da melhoria da infraestrutura pública, quando pensamos naquelas regiões que recebem a população vinda de grandes cidades.
Aspectos como sistemas de saneamento e abastecimento de água e luz, capacidade de atendimento nos hospitais, demanda por medicamentos e profissionais da saúde, instalação de áreas coletivas de lazer e instituições de ensino são bons exemplos disso.
Por outro lado, quando se pensa no aspecto individual do êxodo urbano, destaca-se a possibilidade de um aumento na qualidade de vida — fator principal para que esse evento ocorra.
Sob um contexto mais afastado das grandes cidades ou até mesmo em terras rurais, as pessoas encontram um custo de vida mais baixo, contato com a natureza, e um espaço onde é possível desenvolver relações mais próximas com as outras pessoas.
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Uma vez que a preocupação com o bem-estar físico e mental vem ganhando mais força na sociedade atual, o êxodo urbano voltou a ser uma opção mais interessante para o habitante de uma grande cidade. Isso para aquelas pessoas em busca de mudanças de rotina, dentro de um contexto de flexibilização do trabalho e home office.
Portanto, não dá para pensarmos no êxodo urbano e suas consequências de maneira isolada. É preciso considerar as razões para o seu acontecimento e as consequências que ele traz — tanto no aspecto individual de quem está se deslocando e buscando melhores condições de vida, quanto no coletivo e de infraestrutura dos ambientes, que passam por transformações à medida que a população se desloca.
Quando ocorre o êxodo urbano?
Primeiramente, a ideia vem do êxodo rural ocorrido durante a Revolução Industrial. Na época, muitos camponeses deixaram suas casas e foram procurar emprego nas fábricas dos grandes centros urbanos, na segunda metade do século XVIII.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de dois milhões de pessoas migraram para os centros urbanos entre 2000 e 2010. Agora, tem se discutido o movimento contrário: muitos moradores dos grandes centros urbanos estão mudando de endereço, e a pandemia pode ter acentuado esse movimento.
As mudanças nos centros urbanos têm sido tão grandes assim?
É válido falar que a busca por uma segunda casa é um fenômeno antigo, e as preferências de buscas por um novo lar, tendem a mudar conforme a cultura e a economia se transformam. Por exemplo, a ida para as cidades grandes foi motivada pela busca de trabalho, porque lá a circulação de capital financeiro é maior, uma vez que a infraestrutura desenvolvida e a concentração de profissionais especializados favorecem o mercado de trabalho.
Atualmente, com o movimento de flexibilização para o trabalho remoto, principalmente em escritórios, o planejamento de morar mais longe do trabalho parecia ser um momento de grande transformação das cidades. Mas a mudança como vemos não é radical. Sair do centro urbano não significa afastar-se dele por completo.
O Relatório de Tendências de Habitação do Consumidor de 2021, da Zillow — empresa americana atuante no mercado imobiliário, mostrou como têm se comportado os processos de mudança no estado de Nova York. Dos habitantes que se mudaram, 49% se deslocaram para um novo município que estava dentro da área metropolitana da cidade de origem e quase 40% permaneceram na mesma cidade.
Isso vem indicando que as grandes metrópoles não estão diminuindo tanto quanto se acreditava, o que vemos, na verdade, é um deslocamento para os entornos mais próximos dos grandes centros.
Impactos no setor imobiliário
No Brasil, especialistas afirmam que ainda é cedo para afirmar que existe um êxodo urbano. Por outro lado, estudos recentes informam que a busca por imóveis localizados no interior de São Paulo — estado com maior população do Brasil e que movimenta muito o setor imobiliário — disparou durante os cinco meses iniciais de 2020, o que se relaciona à pandemia de Covid-19.
Além disso, os dados ainda apontam que a procura por imóveis localizados a mais de 100 km de distância da cidade de São Paulo subiu 340% entre janeiro e maio de 2020. Ou seja, as medidas de isolamento social e a consequente adoção do home office impactaram o setor imobiliário nesse período, fazendo com que o êxodo urbano se tornasse um grande tema de discussão recente.
O setor imobiliário assistiu a essas mudanças nesse possível processo de êxodo urbano, provocado pela pandemia. A discussão que se levanta hoje, entretanto, é: as grandes cidades estão realmente ficando menores? Para muitos especialistas essa resposta é não.
O movimento que temos visto de migração dos centros urbanos por busca de conforto, está ligado às pessoas que têm o benefício do home office. Entretanto, muitos empregos já estão com suas rotinas presenciais em andamento, e muitos outros trabalhos também já se preparam para este retorno, mesmo nas metrópoles.
Muito do que tem se discutido então, é sobre uma possível sazonalidade por conta de um momento atípico. Ou seja, a pandemia pode ter provocado uma movimentação temporária, mas o retorno à normalidade é quem definirá o comportamento do mercado imobiliário nos centros urbanos e seus entornos como um todo.
E aí, gostou do conteúdo? Para mais informações sobre o mercado imobiliário e curiosidades sobre qualidade de vida e habitação, continue em nosso Blog!