É hora da classe média comprar imóveis?
Saiba o que esperar do mercado de compra e venda de imóveis residenciais de médio padrão, neste ano, na cidade de São Paulo, maior mercado imobiliário do Brasil
Por Redação Em:
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Este é um bom momento para a classe média comprar um imóvel para morar?
A resposta para cada consumidor de média renda depende de uma série de circunstâncias, então preparamos um guia para te ajudar a definir melhor seu perfil de compra e entender se este é o momento para você fazer a aquisição da casa própria.
Antes de começar, é importante que você reflita e tenha clareza sobre alguns pontos-chave para sua busca:
Você está buscando seu primeiro imóvel ou pretende migrar para uma moradia maior ou melhor localizada?
Tem urgência de sair de onde está ou pode esperar um pouco?
Sua intenção é comprar uma propriedade nova ou usada?
Você possui uma reserva de dinheiro para dar de entrada no pagamento, seja em alguma aplicação financeira – como poupança ou outros –, no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou nos dois casos?
Se precisar contratar um financiamento habitacional, consegue pagar as parcelas sem que isso crie um risco demasiado alto para você e sua família?
Neste post, vamos te contar o que esperar do mercado imobiliário destinado à média renda em 2023, para que você tenha informações que possam te ajudar na sua tomada de decisão de compra.
Como está o crédito imobiliário?
Para entender melhor o seu cenário de financiamento imobiliário, é importante que você entenda de onde vêm os recursos dessa modalidade de empréstimo, e quais são os fatores que influenciam o custo desse dinheiro.
No Brasil, a principal aplicação financeira dos recursos da população é a poupança, ainda que a modalidade ofereça um rendimento considerado baixo. Em março de 2023, o dinheiro depositado na poupança rende, ao ano, 6,17% mais Taxa Referencial (TR). Nos últimos 12 meses, a TR acumulada ficou em 1,87%.
Por lei, os bancos que operam com dinheiro da poupança precisam direcionar 65% do saldo dessa aplicação para o crédito habitacional. Para eles, a captação desses recursos custa menos do que em outras modalidades de empréstimos, por exemplo, no caso da Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou da Letra Imobiliária Garantida (LIG).
Justamente por isso os bancos cobram menos para emprestar dinheiro da poupança, que é um dinheiro “mais barato”, a quem está comprando um imóvel residencial pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH), do que quando financiam uma aquisição com recursos pelos quais tiveram de pagar mais.
Só que com os juros altos – a taxa básica Selic está, em março de 2023, em 13,75% –, parte das pessoas têm transferido dinheiro da poupança para aplicações mais rentáveis. Há também quem esteja sacando o recurso para pagar contas. Seja por uma razão ou por outra, mais dinheiro tem saído do que entrado na poupança.
Em janeiro, houve saques líquidos de R$ 27,2 bilhões da poupança e, em fevereiro, as retiradas superaram os depósitos em R$ 8,6 bilhões.
Mas de que maneira isso afeta a vida de quem precisa financiar a compra da casa própria?
Na prática, se mais grana sai do que entra na poupança, os bancos têm menos desse dinheiro para reverter em financiamento. Os empréstimos continuam a ser oferecidos, mas como a participação desse “funding”, no total, diminui, as instituições passam a ter de usar uma parcela maior de recursos mais caros para financiar os compradores de moradias.
No primeiro bimestre, os financiamentos habitacionais com recursos de poupança – incluindo recursos para a compra e para a construção – caíram 15,3%, na comparação anual, para R$ 22,4 bilhões, conforme levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Até o fim do ano, a tendência é que quem busca crédito para a aquisição da casa própria se depare com recursos mais restritos e mais caros. É fato que o cenário está desafiador, mas isso não quer dizer que você não vá conseguir financiar a compra do seu imóvel.
“Não tenho dúvida de que, tendo capacidade de [contratação de] crédito, a pessoa terá recurso para financiar seu imóvel novo”, diz o presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antonio França.
Em março de 2023, a taxa média cobrada pelos bancos que atuam no financiamento imobiliário com recursos de poupança era de 10,89%, ante o patamar de 9,25% registrado um ano antes pela plataforma Melhortaxa.
E ainda que as taxas estejam elevadas, quem contratar crédito imobiliário agora poderá fazer a migração para uma linha de financiamento mais barata quando os juros caírem. “A taxa de juros que você contrata hoje não é a que vai permanecer durante 30 anos. É possível fazer a portabilidade para outro banco ou negociar com o banco que fez o financiamento original”, afirma França.
Outro ponto importante é que, em cenários mais restritivos, os bancos aumentam o rigor, principalmente, para financiar imóveis usados. A preferência por unidades novas se deve ao fato de que uma incorporadora pagará à instituição o empréstimo que fez para construir o empreendimento, à medida que receber o pagamento dos clientes.
Ou seja, ao repassar a dívida de um consumidor para um banco, a empresa quita parte de seu passivo com aquela instituição financeira.
Na compra de um imóvel novo, o repasse costuma ocorrer no momento em que o cliente recebe as chaves do apartamento. Caso você compre uma unidade na planta, só fará o financiamento bancário quando o imóvel for entregue. Até lá, pagará parcelas à incorporadora, corrigidas pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Na aquisição de uma propriedade usada, o financiamento com o banco é contratado simultaneamente à aquisição do bem.
Como estão as vendas de lançamentos e o estoque de imóveis novos
Embora os lançamentos imobiliários dos padrões médio e alto tenham caído 31,4%, em 2022, para 44.247 mil unidades, as vendas de unidades com esses perfis tiveram aumento de 67,8%, para 46.878 unidades, segundo a Abrainc. Os estoques imobiliários estão em queda, de acordo com França.
Sem fazer projeções operacionais para 2023, o presidente da Abrainc conta que o desempenho de vendas em janeiro e fevereiro ficou acima do que se esperava, levando-se em conta o ambiente de juros altos.
Na avaliação do coordenador do curso de Mercado Imobiliário da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, as incorporadoras estão em compasso de espera em relação a lançamentos, “muito atentas” à velocidade de vendas dos imóveis para definirem se é hora de apresentar novos produtos.
“Não é possível controlar a demanda, ou seja, as vendas, mas as empresas podem controlar a oferta”, disse Ajzental. No ano passado, houve redução dos lançamentos para ajustar a oferta em relação ao volume comercializado, segundo o especialista.
Pelos cálculos de Ajzental, o estoque combinado de unidades da capital paulista e da Região Metropolitana de São Paulo é suficiente para 13 meses de vendas, se mantido o ritmo atual de comercialização. “Se houver desaceleração das vendas, o estoque dura mais tempo”, afirma.
Em 2010 – ano de maior crescimento do Produto Interno (PIB) do Brasil e início da série histórica traçada pelo especialista da FGV –, os imóveis em estoque eram suficientes para apenas cinco meses de comercialização.
Onde estão as melhores oportunidades
Mesmo com o crédito imobiliário mais caro e com incorporadoras elevando os preços de imóveis de médio padrão para repassar parte das altas dos custos de insumos dos dois últimos anos, o consumidor pode encontrar boas oportunidades de compra de imóveis residenciais prontos na capital paulista.
No ano passado, muitos empreendimentos residenciais foram concluídos, e há muitas entregas de prédios previstas para 2023. Basta dar uma volta em São Paulo, principalmente nas proximidades das estações de metrô e de corredores de ônibus, para ver que a cidade se transformou em um canteiro de obras imobiliárias. Na prática, as incorporadoras podem até querer elevar os preços dos imóveis, mas o cenário não é propício para isso.
Quando uma empresa mantém unidades prontas em estoque, passa a gastar com despesas de condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dessas moradias. Se existe risco de aumento do estoque concluído ao mesmo tempo em que consumidores estão mais cautelosos diante do crédito mais caro e das incertezas da economia, as incorporadoras tendem a ceder mais nas negociações.
Durante a divulgação dos balanços de 2022, companhias com atuação no segmento de média renda se mostraram dispostas a fazer concessões, embora não tenham falado de descontos generalizados nem em patamares expressivos de abatimentos de preços. “Não há grandes descontos”, diz o presidente da Abrainc, acrescentando que, no médio e longo prazos, a tendência é de valorização do imóvel.
Caso você esteja procurando um imóvel, fique atento: nem sempre o desconto é feito de forma direta, que é quando a propriedade é vendida por um valor menor do que o anunciado. Às vezes, a incorporadora se dispõe a pagar as despesas de condomínio por um ano ou oferecer a unidade com um acabamento, por exemplo, piso laminado, que não estava previsto inicialmente.
Faça as contas, analise sua necessidade de compra, sua capacidade de pagamento e, se achar que o negócio cabe no bolso, bata o martelo da aquisição.
Apesar das incertezas que ainda rondam a economia, investir em um imóvel pode ser uma ótima pedida se você escolher um produto de qualidade, bem localizado e com um custo de manutenção compatível com o padrão da unidade – e com o seu bolso, claro. Além disso, tenha em mente que um imóvel é uma forma de investimento considerada segura por muitos, já que a valorização do bem pode acompanhar ou até mesmo superar a inflação.
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