Incorporadoras comemoram primeiro semestre antes da esperada entressafra

O aumento consolidado dos lançamentos, de janeiro a junho, chama a atenção devido ao cenário de juros e inflação em alta e de queda do poder de compra da população

Por Redação Em:

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Por Chiara Quintão

Os lançamentos imobiliários cresceram 15%, no primeiro semestre, para R$ 13,8 bilhões, considerando-se os números das incorporadoras de capital aberto que já divulgaram suas prévias operacionais. As vendas líquidas consolidadas das companhias tiveram expansão de 14%, para R$ 13,5 bilhões. No segundo trimestre, os lançamentos aumentaram 7%, para R$ 8,2 bilhões, enquanto as vendas cresceram 19%, para R$ 7,8 bilhões.

O aumento consolidado do Valor Geral de Vendas (VGV) lançado, na primeira metade do ano, chama a atenção devido ao cenário de juros e inflação em alta e de queda do poder de compra da população. “Os números não conversam com o tom ruim do momento”, diz Bruno Mendonça, analista de mercado imobiliário do Bradesco BBI. 

Por enquanto, Cyrela, Cury, Direcional, Even, Helbor, Lavvi, Melnick, Mitre, Moura Dubeux, MRV&Co e Plano&Plano publicaram informações do que lançaram e venderam. “Na média, os resultados foram bons, mas a expectativa é de uma segunda metade do ano pior”, afirma um analista que pediu para que seu nome não fosse citado. 

De agora até o fim de 2022, é esperado que o setor assuma postura mais cautelosa na apresentação de projetos em função das incertezas decorrentes do ambiente macroeconômico e das eleições majoritárias. O VGV lançado pelo conjunto pelas incorporadoras tende a ser menor do que o registrado de julho a dezembro do ano passado. 

A desaceleração de lançamentos deve ocorrer, principalmente, no segmento de média renda, o mais impactado pelos aumentos de taxas de financiamento imobiliário, pelo grau de confiança no cenário que se desenha e pelo índice de desemprego elevado. 

Em relação a imóveis de alto padrão, as vendas devem continuar aquecidas. Consumidores do segmento compram imóveis à vista ou com entrada elevada, o que resulta em menos impacto das variações do Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) nas parcelas até a entrega do empreendimento e de menor dependência de crédito habitacional. 

Já o volume de lançamentos deve crescer à medida que entram em vigor as novas medidas do Casa Verde e Amarela, como aumento da renda enquadrada no programa habitacional, elevação dos subsídios e maior prazo de financiamento com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Não falta demanda para imóveis do segmento, mas as margens das incorporadoras com a produção focada na baixa renda ainda estão muito pressionadas pelos custos.

“A tendência é que as medidas anunciadas para o FGTS ajudem a reconstruir as margens e a viabilizar projetos das empresas de baixa renda”, diz Mendonça, do Bradesco BBI, acrescentando que o equilíbrio do segmento deve ser retomado a partir do fim deste ano ou do início de 2023. 

Destaques do trimestre

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Analistas ressaltam desempenhos da Cury, da Direcional e da Cyrela

Na baixa renda, as prévias que mais  agradaram ao mercado foram as da Cury e da Direcional. Já no segmento de incorporadoras com atuação principal nos padrões médio e alto, a prévia da Cyrela foi o destaque, segundo analistas.

 

“A Cury foi uma surpresa muito forte. A empresa já vinha com um ritmo de crescimento de lançamentos muito forte e ainda conseguiu melhorar os resultados”, diz Ygor Altero, head de real estate da XP. A incorporadora apresentou recordes de VGV lançado e de vendas no trimestre. “Mesmo elevando preços, a Direcional teve recorde de vendas e conseguiu crescer na faixa 2 do programa, na qual é difícil operar”, acrescenta Altero.

 

O segundo trimestre também foi o maior em vendas líquidas da MRV&Co, puxado pelo recorde de comercialização da subsidiária americana Resia. A companhia também vendeu projetos da Luggo, sua empresa de locação. No Casa Verde e Amarela, o foco da incorporadora tem sido o aumento de preços das unidades,e há expectativa de acelerar lançamentos no semestre. 

 

“A Cyrela acelerou bastante o ritmo de lançamentos e teve boas vendas. Esperávamos um nível de desaceleração que não ocorreu”, diz o analista da XP. A companhia fundada por Elie Horn tende a manter um bom ritmo de apresentação de projetos, no entendimento do analista do Bradesco BBI. Já a Even tende a ser mais seletiva na definição de lançamentos para este semestre, segundo Mendonça.

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